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Hoje é são


 

 Produzindo com os alunos

Texto sobre a relação literatura/cinema produzido com os alunos de 3º ano do Ensino Médio do nosso Waldemar Mundim, a partir de atividade desenvolvida em sala de aula pelo professor Ms. Gismair Martins Teixeira.

 Batman, morcegos, medos e consciência

Augusto dos Anjos, em seu poema O morcego (veja a poesia abaixo), interpreta de forma extraordinária a vinculação simbólica do estranho mamífero com a consciência humana. Adgar Allan Poe, importante escritor norte-americano, também já havia explorado poeticamente a simbologia de uma ave sinistra, o corvo, representativo dos porões subconsciencias.
Estes índices simbólicos assumem foros de universabilidade quando se trata de abordar os escaninhos sombrios da psiquê. Em Batman Begins , em suas duas últimas versões, verdadeiramente adultas, o problema do morcego como elemento desencadeador de injunções pré e pós-traumáticos é trabalhado com muita competência e segurança pelo roteirista e pelo diretor do filme.
Bruce Wayne, em sua infância, é levado ao paroxismo do medo graças à presença de morcegos em vivências traumatizantes que o acompanham na fase de maturidade. Quando estava preso na caverna, outro símbolo psíquico universal, Wayne é atacado, ou melhor, pensa sê-lo, pelos agourentos seres que na verdade o temem. A partir daí vigorará o lema “aquilo que não te mata te fortalece”.
Elementos outros são tratados como precisão epistemológica na adaptação da história de Batman, sendo remissivos aos poemas O corvo e O Morcego.

                                                       O Morcego
                                                                  Augusto dos Anjos

Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
"Vou mandar levantar outra parede..."
- Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre minha rede!
 
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
 
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!